quarta-feira, 24 de outubro de 2012

“Sede meus imitadores, irmãos”. (Fl 2,17)

Eis o apelo! Pois imitar a Paulo é abraçar a missão proposta por Jesus: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Foi com esse desejo, de me deixar ser “alcançado por Cristo Jesus” (cf.Fl 3,12), assumindo esse propósito missionário, que participei da V Experiência Missionária na Diocese de Santarém.
A V Experiência Missionária foi para mim a continuidade do ano missionário iniciado no sul do Pará em janeiro de 2011 e finalizado em Santarém, na Paróquia de Almeirim em janeiro de 2012. Na Diocese de Conceição do Araguaia pude observar a necessidade de difundir a mensagem cristã. Ou seja, esse impulso missionário me fez estar em contato com os novos desafios, perspectivas, questionamentos que de certa forma contribuíram bastante para uma nova visão de Igreja, aberta para uma descoberta evangélica de ler os “sinais dos tempos” e atuar em sintonia com as condições de nosso tempo e das transformações do mundo contemporâneo. Tal experiência também me levou a questionar que tipo de padre quero ser: padre Missionário ou Missionário padre?
Como afirmava Dom Esmeraldo em uma das suas cartas aos missionários no sul do Pará no ano de 2011: “somos chamados a ser missionários no caminho do ministério ordenado; onde o ser missionário é posto com muita força. Ser missionário é estar com o coração aberto para aprender mesmo com todas as dificuldades e desafios que aparecem na missão”. Desta forma, fazer missão em outra Diocese foi também conhecer e praticar uma nova forma de evangelizar abraçando o que é característica daquela realidade.
Almeirim 2012/2013 apresentou uma proposta bastante significativa que nos levou a refletir a experiência de Damasco (At 9,1-18) de deixar-nos ser alcançado por Cristo Jesus: É necessário cair em si para voltarmos à fonte primeira, ao primeiro amor.
O que observei durante as visitas na cidade de Almeirim foi um povo que esperava ansioso por aquilo que os missionários tinham para oferecer. Não carregávamos nada de material na sacola, mas a Palavra de Deus. Era esta Palavra que tornava os corações daquelas pessoas jubilosos, capazes de louvar a Deus assim como aquele homem que foi curado por Pedro e João na porta do templo. (Jo 3,1-10). Nessa experiência de levar aos povos a palavra de Deus, além de fomentar em mim o desejo de servir a Igreja, também firma “o dever de propagar a fé e a salvação de Cristo movido pelo Espírito Santo tornando-me pobre como Jesus, na obediência, suportando as tribulações e fadigas assim como afirma Paulo: “Para isso me esforço e luto, sustentado pela sua poderosa energia que opera em mim” (Cl 1,29).
O desafio foi ainda maior nas regiões afastadas da cidade de Almeirim. Recordo da visita missionária à comunidade de Conceição do Jutaí. Minha equipe formada pelos seminaristas Gelson da Diocese de vacaria (RS), Wescley de Mossoró (RN), Francisco de Santarém e pelo diácono permanente Renato de Ponta Grossa (RN), vivenciou momentos delicados no percurso de Almeirim até Conceição do Jutaí numa viagem que durou pelo menos 14 horas. Durante a viagem, trocamos de embarcação na esperança que o próximo rio pudesse encher. O rio não encheu e tivemos que caminhar a maior parte do caminho empurrando a pequena rabeta.
Isso jamais foi e nunca será motivo para questionarmos a Deus sobre estes desafios. Pois a atividade missionária é necessária e é o próprio Deus que “quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (AG 7). Foi gratificante o empenho das pessoas de Conceição do Jutaí na acolhida aos missionários. Um povo humilde, mas que ofereceu o que tinha de melhor: o acolhimento, a alegria, a coragem e a disponibilidade para também caminhar conosco durante as visitas. Muitas crianças nos acompanhavam e participavam dos momentos de oração nas famílias.
Nesta experiência fui induzido pela
Palavra de Deus a contemplar naqueles rostos sofredores de nossos irmãos, o rosto de Cristo que nos chama a servi-lo neles”: “Os rostos sofredores dos pobres são rostos sofredores de Cristo” (DA 395).
Peço orações a todas as pessoas que, impulsionadas pelo Espírito Santo responderam sim e estão anunciando o Evangelho a todos os povos. Peço que orem especialmente àqueles que estarão participando das Experiências Missionárias na Diocese de Santarém e Arquidiocese de Porto Velho em 2012/2013. Certos de que “fomos alcançados por Cristo Jesus ” (cf. Fl 3,12), e só Ele é nossa paz é que “somos ungidos para evangelizar os pobres” (cf. Lc 4, 18).

Fonte: POMs